Inflação dos supermercados sobe e chega a 2,15% no ano
Postado em 26 de março de 2019 3 comentários
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), voltou a subir em fevereiro, com alta de 1,13%, o maior resultado para um mês desde a greve dos caminhoneiros, em maio de 2017.
‘O feijão subiu 54% apenas em um mês e foi um dos responsáveis pelo índice de inflação bater este recorde. Batata, alface, leite e ovos também foram outros produtos com aumentos de preço relevantes e com forte impacto no prato do brasileiro’, explicou o economista da APAS, Thiago Berka.
‘Com a alta de fevereiro, o acumulado do ano de 2019 chegou a 2,15%. Este é o terceiro pior resultado da inflação dos supermercados para o primeiro bimestre nos últimos 16 anos’, completou Berka.
Em fevereiro, das 27 categorias acompanhadas 15 apresentaram inflação. Este cenário é um pouco diferente do que aconteceu no mês anterior, quando foram registrados aumentos em 22 categorias. ‘Isso demonstra que muitos produtos tiveram queda nos preços, porém, não conseguiram compensar a forte alta dos preços de produtos in natura’, comentou o economista da APAS.
Em janeiro, a APAS estimou que o quilo do feijão a R$8,00 seria o valor máximo que o produto poderia atingir, dada a situação de safra e chuvas. Em São Paulo, valor do quilo em alguns supermercados e praças já variam de R$ 6,00 a R$ 9,00 (nas regiões norte e nordeste do país o preço já alcança R$ 10,00 o quilo).
‘A conjuntura de dois fatores causou o choque que o consumidor percebe hoje nas gôndolas: o primeiro foi a redução da área plantada em até 10%, devido aos anos de preços ruins que os produtos obtiveram, obrigando produtores a optarem por culturas mais rentáveis no momento, como soja e milho. O segundo fator foi a estiagem nas zonas produtoras em momentos críticos da semeadura, como no Paraná, maior produtor de feijão do Brasil’, enfatizou Thiago Berka.
Tanto o feijão preto quanto o carioca estão com preços de sacas de 60 kg, dependendo da região, variando entre R$ 250,00 a R$ 400,00. Os supermercados ainda seguram os preços na negociação para evitar um aumento ainda maior, porém, de acordo com o economista da APAS, como uma possível normalização só deverá ocorrer com a segunda safra do feijão, em abril, o mês de março pode sofrer com novos aumentos ou a manutenção dos preços em patamares elevados.
A categoria de hortifrútis foi outra que contribuiu para a alta da inflação de fevereiro. Considerando o acumulado do primeiro bimestre de cada ano, desde o início do plano real, as categorias frutas, tubérculos e legumes ficaram entre os três maiores aumentos da história. No caso do grupo de legumes, 2019 foi o maior crescimento já observado em um bimestre. Isso demonstra o tamanho da contribuição dos hortifrútis em geral no índice de preços dos supermercados.
Em fevereiro, as frutas cresceram 1,55%. Porém, duas das frutas de maior peso e consumo do brasileiro, laranja e maçã, seguem com choques de preço e tiveram alta de, respectivamente, 5,5% e 8,1%. No caso da maçã, esta segue no terceiro mês consecutivo com altas acima de 8% no preço, enquanto a laranja teve o sétimo aumento seguido.
‘A maçã está no período de entressafra e sofreu no meio do ano passado com granizo na região de Fraiburgo e São Joaquim (SC), maiores produtores do Brasil. Já a laranja, com o forte calor, tem demanda firme para produção de sucos, isso em um período de entressafra que vai de janeiro até março’, avaliou Berka.
Outro produto que segue como impulsionador da alta nos preços é a batata. O consumidor continua percebendo preços maiores, que tiveram alta de 27,39% em fevereiro e chegaram a 75% de aumento no acumulado dos últimos 12 meses.
‘No caso específico da batata, a redução de 13% na área plantada e a queda da qualidade da colheita no Sul de Minas Gerais, devido ao forte calor, resultaram em baixa produtividade. Não vislumbramos melhoria nos preços para os próximos meses, uma vez que a expectativa dos produtores não é animadora’, explicou Berka.
Produto que demonstrava seguidas quedas, o ovo registrou alta de 7,3% em fevereiro, maior aumento já registrado para o mês desde a criação do plano real, início da série histórica de medição do IPS. Há duas causas principais para que fosse registrado esse aumento: este é um mês de menor produção de ovos por questões naturais (troca de estação e luminosidade que impactam na produtividade das aves), e o aumento de 11% no consumo de ovo que ocorreu no Brasil entre 2017 e 2018. A demanda deve aumentar ainda mais com a chegada do período de Páscoa, em que o ovo é escolhido para compor a mesa em alternativa à carne vermelha, excluída muitas vezes dos pratos de cristãos no período da quaresma.
Finalmente, a alface foi quem teve uma das maiores altas entre as verduras, com 19,3% de crescimento. Este é um produto muito presente na mesa do paulista e do brasileiro em geral, sendo a terceira folhosa mais consumida no país. Por conta desta representatividade na alimentação, o impacto da alface em alta é bastante sentido no IPS.
‘O motivo dos preços altos são, mais uma vez, o calor forte intercalado com chuva intensa, o que prejudica a qualidade e gera muito descarte. As cidades de Piedade, Mogi das Cruzes e Suzano são as maiores produtoras do estado e as que mais sofreram com a quebra na produção’, finalizou Berka.
(Redação – Investimentos e Notícias)
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